Eduardo Nunes sobre a evolução da esgrima: “formar novos professores foi a grande sacada”

Eduardo Nunes Treinador Esgrima

O técnico Eduardo Nunes, do Grêmio Náutico União (GNU), clube localizado em Porto Alegre (RS), foi o convidado do Episódio 15 do programa “Da Esquiva ao Toque”, veiculado no Canal do YouTube da Confederação Brasileira de Esgrima (CBE). Ele foi entrevistado antes do início da Etapa do Brasil da Copa do Mundo de Paraesgrima, realizada no Centro de Treinamento do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Em papo de quase 40 minutos, ele abordou vários temas e a evolução do esporte, do período em que começou aos dias atuais, foi um dos escolhidos

“A gente cresceu muito em estrutura e qualidade de atleta. Acho que evoluiu porque aumentou a quantidade. Entendo que a quantidade traz qualidade. A gente sempre visa ampliar ao máximo as turmas de escolinhas, pois é de lá que se vai abastecer a renovação das equipes. A esgrima brasileira cresceu porque se desenvolveu da quantidade de praticantes. Então, entrou muita gente que começou a trabalhar nas escolas e isso fez com que o número de praticantes aumentasse”, disse.

“O trabalho na base, durante muito tempo, focava muito no alto rendimento e a quantidade não aumentava. E aí, de repente, começou a aumentar a quantidade e e isso fez com que aparecesse cada vez mais qualidade. As provas hoje são muito grandes em comparação ao que eram antigamente. Já temos uma quantidade grande em todas as provas, tanto na Olímpica quanto na Paralímpica. Formar novos professores foi a grande sacada para que o esporte se desenvolvesse”, acrescentou Eduardo Nunes.

De acordo com o técnico, a formação de professores em diversos locais fez com que aumentasse os pólos de esgrima. “O que a esgrima precisa é isso: pessoas que façam a iniciação, que façam as crianças gostarem da esgrima. Aí depois, se ela vai querer ser atleta, ele vai para um clube se precisar ou não, pois também pode ficar no mesmo lugar que começou. Acho que, hoje em dia, está bem melhor do que quando comecei”, finalizou o treinador em relação ao tema.

Fascínio pela modalidade

Eduardo Nunes conheceu a esgrima na Faculdade de Educação Física. Durante dois semestres ele foi monitor e a partir desse momento o esporte apareceu na vida dele. Mais adiante, ele pensou em montar uma escolinha e, como era oriundo do futebol, a ideia inicial era criar uma escolinha de futebol. Porém, futebol tinha em todo lugar. A partir disso, surgiu nele a iniciativa de conversar com um professor da faculdade que tinha escolinha de ginástica artística. Foi a partir daí que ele colocou como objetivo começar projeto de escolinha de esgrima.

Com a decisão tomada, Eduardo Nunes foi ao Grêmio Náutico União e conversou com o técnico Alexandre Teixeira, que lhe deu apoio. “Quanto mais fui trabalhando com isso, mais fui me encantando pelo esporte. A esgrima é um esporte que, além de divertido, é estimulante porque você está sempre pensando em como vai suplantar teu adversário, não só fisicamente, mas taticamente e tecnicamente. É aquele pensar em como vai dominar o adversário com a inteligência também. Isso é a parte mais legal da esgrima”, contou o treinador.

Jovane Guissone como referência

Jovane Guissone, de 42 anos, é a maior referência da paraesgrima brasileira e começou no esporte com Eduardo Nunes. Ele iniciou na modalidade por intermédio de Fábio Damasceno, pai do atleta paralímpico Kevin Damasceno, que era amigo dele. Durante a carreira, o atleta gaúcho conquistou a medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos de Londres-2012 e a prata em Tóquio-2020, ambas na Espada B. Fábio Damasceno o convidou para fazer esgrima no projeto voluntário que Eduardo Nunes era proprietário.

E a ideia da esgrima paralímpica surgiu na mente de Eduardo Nunes após mais uma iniciativa de Alexandre Teixeira, que voltou empolgado de um curso que fez em Mar Del Plata, na Argentina. O trabalho começou em 2003, quando ele passou a buscar associações que quisessem aceitar. Foi quando o Jovane Guissone começou a fazer esgrima. “A partir daquele momento comecei a treiná-lo direto e até 2016 ele foi meu atleta. O Jovane tem uma qualidade: além do talento, ele é um cara que ele sempre treinou”, revelou

“Ele nunca reclamou de treino e até hoje não reclama. Ele é obstinado e leva com seriedade. Ele é um atleta, para mim, no sentido real da palavra. Então, uso ele muito de exemplo para o Kevin (Damasceno) nessa situação. Para ele saber que, se ele quer chegar, aquilo é a profissão dele e ele tem que encarar com seriedade até o último momento. É trabalhar e trabalhar porque nada vai acontecer ao natural. O Jovane é um cara obstinado no treino e ele colhe o que planta. Ele conquistou porque trabalhou para isso”, finalizou Eduardo Nunes.

Confira a entrevista completa de Eduardo Nunes no “Da Esquiva ao Toque”

 

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