Aos 48 anos, ex-policial é um dos integrantes da seleção brasileira de esgrima em cadeira de rodas na capital francesa
(Foto: Rosele Sanchotene/CBE)
Fato&Ação Comunicação – Assessoria de Imprensa da CBE
Nunca é tarde para se realizar um sonho. Aos 48 anos, Lenilson de Oliveira disputará em Paris sua primeira edição de Jogos Paralímpicos. Com experiência, talento, diversos títulos nacionais e participações em competições continentais, ele ajudará a paraesgrima brasileira a lutar por medalhas na Cidade Luz.
Lenilson exerceu a profissão de policial militar por 15 anos. Até que um acidente de moto provocou a amputação de sua perna esquerda, na altura do joelho. Durante a recuperação, foi orientado a praticar uma atividade física para ajudar na tratamento físico e mental. Então, conheceu a esgrima.
“Eu era da Força Tática, em Campinas. Uma força especial, com muito treinamento específico, cursos para a área e coisas assim. Gostava demais do que eu fazia, pois gosto de ajudar as pessoas. Após o acidente, fiquei na dúvida sobre o que fazer, mas como pratico esporte desde os 12 anos de idade, acabei conhecendo a esgrima, onde estou até hoje”, conta.
Lembranças
Lenilson tem muitas lembranças de sua época como policial. Uma vez ajudou uma mulher que entrara em trabalho de parto num carro que parou ao lado de sua viatura.
“O marido, que estava ao lado dela, me falou: ‘Ela está em trabalho de parto!’ O trânsito estava intenso, mas liguei a sirene na viatura e disse a ele para me seguir até que pudéssemos chegar a uma maternidade. Deu tudo certo, chegamos a tempo. Algum tempo depois, me levaram na casa deles para que eu visse a criança, uma menina”.
Ser impedido por um infortúnio de exercer uma profissão que tanto gostava foi um golpe duro para Lenilson de Oliveira. Passou por momentos difíceis, que também estão guardados em sua memória.
“No hospital para onde fui após o acidente, perdi cerca de 18 quilos durante minha internação. Fiquei numa maca ao lado da janela e via as viaturas da Rota passarem na rua – meu sonho era integrar a Rota, queria me transferir para São Paulo para isso. Aquilo acabou comigo, pois senti meu sonho não poderia se realizar”, lembra, confessando que chegou até a pensar em atentar contra a própria vida.
“Até que um dia saí do meu quarto com a ajuda de muletas e vi policiais que estavam muito mais debilitados do que eu. Um deles, tinha levado um tiro e perdido todos os movimentos corporais, só conseguia mexer os olhos. Então, agradeci a Deus por ter ‘somente’ perdido a perna após bater de frente com a moto em um ônibus. Daquele dia em diante, voltei a viver”, afirma.
A esgrima
Em seu processo de restabelecimento físico e mental, Lenilson, que sempre gostou e praticou esportes, procurou conhecer mais sobre as modalidades adaptadas para pessoas com deficiências. E encontrou a esgrima neste caminho.
“Tenho um amigo, oficial da polícia militar, que ficou tetraplégico. Ele frequentava o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro (CPB), onde praticava rugby em cadeira de rodas. Um dia, numa de minhas idas ao CPB, estava acontecendo um treinamento de esgrima. Fui convidado por um treinador, mas hesitei um pouco. Até que concordei em treinar e gostei”, conta Lesnilson, prosseguindo:
“Após algumas semanas, houve uma competição em Porto Alegre e fui convidado a participar. Fiquei temeroso, pois treinava há pouco tempo, mas acabei indo. Lá, perdi de 15-0 no florete e 15-1 na espada. Fiquei meio indignado com aquelas derrotas e decidi que iria treinar bastante, com dedicação. Fiz isso, peguei gosto pelo esporte e os resultados foram aparecendo”.
Ser convocado para disputar agora, em Paris, uma edição de Jogos Paralímpicos, entusiasma Lenilson. Mas ele confessa que sempre sonhou com algo do tipo pelo amor que sempre nutriu pelos esportes no transcurso de sua vida.
“Sempre fiz esporte e imaginava ser convocado algum dia para uma seleção brasileira de alguma modalidade. A vontade existia, mas a perspectiva de realidade ficava muito distante. Quando fui para o esporte paralímpico, comecei a me destacar e daí veio minha primeira convocação. A partir daí, fui galgando degraus, ganhando títulos e tinha em mente que o ponto alto seria disputar os Jogos Paralímpicos. Me dediquei e vou concretizar essa meta”, conclui Lenilson, que sonha servir como exemplo para que todas as pessoas que passam por dificuldades não desistam de suas metas e acreditem que podem vencer.
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