Quebrando paradigmas, cadeirantes fazem curso internacional de técnicos de paraesgrima da CBE

Daiane Peron e Mauricio Stempniak querem certificação do Instituto Brasileiro de Esgrima para aprimorarem ainda mais os fundamentos da modalidade como treinadores

Nelson Ayres e José Augusto Assis – Fato&Ação Comunicação – Assessoria de Imprensa da CBE

“Queremos ser vistos como profissionais antes de qualquer coisa”. É com essa frase que Daiane Peron explica a importância da sua participação no curso internacional de técnicos do Instituto Brasileiro de Esgrima (IBE) – braço educacional da Confederação Brasileira de Esgrima (CBE) – bem como a do seu colega Mauricio Stempniak. Deficientes físicos, os alunos, formados em Educação Física, almejam buscar a certificação como treinadores da paraesgrima na atividade, que se encerra nesta quinta-feira (30), no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo (SP).

Daiane, que utiliza próteses nas duas pernas, explica que há um paradigma de que todo deficiente envolvido no mundo desportivo é atleta de alto rendimento ou gostaria de ser. A aluna explica qual seria a iniciativa dela em participar do curso.

“A minha intenção é mostrar que o deficiente pode ser atleta, e é legal isso, mas não significa que todos eles queiram ser esportistas de alto rendimento. Nós também queremos ser profissionais, queremos nos colocar no mercado de trabalho e queremos ser vistos como profissionais antes de qualquer coisa. Creio que o que eu e meu colega, Mauricio, que também é cadeirante, estamos quebrando os paradigmas de que deficiente só vira atleta”, afirmou a educadora física.

Formada em Educação Física desde 2016, Daiane é professora de esgrima no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre (RS), desde então. A ex-atleta acredita que é muito importante ter a certificação como técnica da modalidade.

“Um dos motivos que optei por fazer o curso é que a gente se preocupa com a certificação. Na minha visão, seria importante que todos os treinadores tivessem o curso de Educação Física no currículo para dar aula e ter uma especialização na área em que estão treinando para aprender todos os fundamentos daquele esporte”, contou.

Assim como Daiane, Mauricio Stempniak também está fazendo o curso internacional de técnicos, é educador físico e cadeirante. A sua paraplegia ocorreu devido a um acidente de moto em 2000 e, desde a época, ele viu no esporte uma motivação para essa nova condição em sua vida. Mauricio, então, tentou o basquete de cadeira de rodas, mas não se adaptou. Posteriormente, foi para o tiro esportivo e esgrima, esportes os quais pegou gosto.

Na esgrima, ele praticava, mas não tinha o objetivo de permanecer, a sua intenção era ajudar a difundir ainda mais um outro esporte que ajuda na reabilitação de pessoas com deficiência. Entretanto, Mauricio se apaixonou pela modalidade. Foi por causa dela que começou a fazer Educação Física e teve a oportunidade de dar aulas de esgrima.

“A esgrima abriu muitas portas para mim e, por isso, eu gostaria de retribuir a esse esporte de alguma maneira. Sempre quando tem curso de esgrima, eu busco sempre participar. Quando surgiu esse (curso) de técnicos, apesar de eu já ministrar há um tempo, eu quis fazer para me especializar ainda mais”, disse Stempniak.

“É muito bom estar do outro lado da moeda. Não mais ser a pessoa que iria passar por um processo de reabilitação, mas eu ser a pessoa a ajudar outras que, por algum motivo, venham a ter deficiência. É isso que me motiva mais”, complementou.

Além do curso internacional de técnicos, o IBE disponibilizou, desde a última quarta-feira (22), formação para classificadores e árbitros de paraesgrima. A entidade busca fortalecer a modalidade na América Latina, capacitando novos profissionais para o esporte.

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